Companhia das Letras (2007), 152 páginas
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"Eram sempre os porcos que propunham resoluções. Os outros bichos aprenderam a votar, mas nunca conseguiram imaginar uma resolução por conta própria".
Eric Arthur Blair, mais conhecido pelo heterônimo "George Orwell", é o corajoso autor desta fábula estarrecedora, inspirada na tradição do frígio Esopo, do irlandês Jonathan Swift e em sua aguda percepção política que transcende seu tempo. Reconhecendo que a linguagem simbólica dos mitos e fábulas, a exemplo de "O cordeiro e o lobo" e "As viagens de Gúliver", seria veículo eficiente para externar seu apelo à consciência dos povos, Orwell nos eletriza com esse "conto de fadas" com o intuito claro de nos tirar do torpor em que permitimos a insidiosa apropriação do poder político e social por suínos que chafurdam no lodaçal da corrupção e da prepotência.
No prefácio da edição ucraniana de 1947, Orwell relata uma breve autobiografia em que apresenta os motivos pelos quais escreveu "Animal Farm: a Fairy Story" (literalmente "Fazenda animal: um conto de fadas"), as "experiências através das quais cheguei à minha posição política". Crucial para esse trabalho, iniciado em 1943, foi sua participação ao lado de trotskistas na Guerra Civil Espanhola, 1936/37, tendo sobrevivido a um tiro na garganta e tendo "muita sorte de deixar a Espanha com vida". Havia se tornado pró-socialista "mais por desgosto com a maneira como os setores mais pobres dos trabalhadores industriais eram oprimidos e negligenciados", e à pouca admiração teórica por uma sociedade planificada ajuntou-se a valiosa lição de como era "fácil para a propaganda totalitária controlar a opinião de pessoas educadas em países democráticos". De fato, diria mais tarde que "cada linha de trabalho sério que tenho escrito desde 1936 tem sido escrita direta ou indiretamente contra o totalitarismo". "Assim, os principais contornos da história permaneceram em meu espírito por seis anos antes que eu a escrevesse."
No prefácio da edição ucraniana de 1947, Orwell relata uma breve autobiografia em que apresenta os motivos pelos quais escreveu "Animal Farm: a Fairy Story" (literalmente "Fazenda animal: um conto de fadas"), as "experiências através das quais cheguei à minha posição política". Crucial para esse trabalho, iniciado em 1943, foi sua participação ao lado de trotskistas na Guerra Civil Espanhola, 1936/37, tendo sobrevivido a um tiro na garganta e tendo "muita sorte de deixar a Espanha com vida". Havia se tornado pró-socialista "mais por desgosto com a maneira como os setores mais pobres dos trabalhadores industriais eram oprimidos e negligenciados", e à pouca admiração teórica por uma sociedade planificada ajuntou-se a valiosa lição de como era "fácil para a propaganda totalitária controlar a opinião de pessoas educadas em países democráticos". De fato, diria mais tarde que "cada linha de trabalho sério que tenho escrito desde 1936 tem sido escrita direta ou indiretamente contra o totalitarismo". "Assim, os principais contornos da história permaneceram em meu espírito por seis anos antes que eu a escrevesse."