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Companhia das Letras (2012), 232páginas |
"Nada é mais triste na vida de um homem do que acabar seus dias numa cadeia"
Meu caso foi diferente do que comumente se diz por aí: assistir primeiro ao filme foi o que me motivou a procurar o livro. Carandiru (2003) foi marcante. O livro no qual se baseou deveria ser algo mais! Aquela realidade me era desconhecida na prática (graças a Deus!) e na teoria, e o livro, sempre mais rico em reflexões do que qualquer adaptação cinematográfica poderia ser (mesmo uma excelente), decerto apresentaria, com ainda mais propriedade, conhecimentos sobre este submundo que sempre me deixou perplexo: o da mente criminosa. E foi uma mente em particular que me fez pôr Estação Carandiru (1999) em minha lista de desejos, e daí na pilha de leituras pendentes, e então na escala de tempo dispensado ao mergulho consciencial que a literatura tem o poder de nos fazer viver.
No filme, "Peixeira" (interpretado por Milhem Cortaz) é um assassino que se vê subitamente no limiar do remorso pelas vidas que entregou à morte na ponta da "bicuda". A emocionante cena em que ele adentra uma igreja evangélica e "aceita Jesus", a despeito da arrepiante seqüência da rebelião e invasão do presídio pela PM, que resultou no famigerado massacre de 2 de outubro, com 111 detentos mortos, é a que guardo com maior comoção, tanto pelo milagre do arrependimento redentor como por sua conseqüente escolha de trilhar o caminho inverso dos demais, aquele que o conduziu da morte para a vida.