quinta-feira, 17 de abril de 2014

Meus encontros com Gabriel García Márquez



Muitos sites e blogs já estão fazendo a devida homenagem a esse escritor. Seria muita pretensão acreditar que eu poderia fazer melhor. No entanto, humildemente, venho relatar minhas impressões sobre este artesão da literatura.
Nosso primeiro encontro foi com a obra "Cem Anos de Solidão", um volume de 394 páginas desafiando-me a disciplina de começar e terminar um romance cujo enredo exigiria de mim uma leitura atenta, sem pressa.
O que eu não contava era com o envolvimento... sim, o envolvimento que aquela história tão cheia de personagens e voltas e reviravoltas acabou me conduzindo. Não conseguia acreditar, já chegando perto de terminar, que faltassem tão poucas páginas para o tanto que eu ainda imaginava que poderia vir a acontecer. E assim, num ritmo de alguém que nos conta um causo, e acerta o tom da voz, prendendo nossa atenção, ele fez desse romance uma grande surpresa em minha carreira como leitora.
Terminada a leitura, queria conhecer mais... será que ele conseguia ter essa mesma desenvoltura em outras obras? E, por indicação de um colega de trabalho, conheci a "Crônica de uma morte anunciada". Um enredo menor, de 177 páginas. "De rápida leitura", imaginei.
Sim, realmente a leitura foi rápida, mas de uma intensidade de tirar o fôlego! Não dava para começar e esperar para saber o depois: o desenrolar dos acontecimentos, da construção dos eventos, pois, só pelo título, já sabíamos que o fim estava no começo!! Temos, portanto, descrição de como aconteceu a morte (forte, e sem retoques), mas nada sabemos da razão... loucura! E daí em diante, cada palavra é em busca desse entendimento.
De vez em quando, quando estou diante de uma situação que tinha tudo para terminar do jeito que terminou, lembro do título desta última obra. São marcas, referenciais, que os livros que lemos vão deixando em nossa alma.
Quero dizer a vocês, queridos leitores, que o Prêmio Nobel da Literatura de 1982, é um escritor acessível, de fácil prosa e encanto. Lê-lo é lembrar das histórias contadas na soleira da porta, pelas pessoas mais velhas, que nos prendiam a atenção com a expressão certa e o tom de voz que dava as devidas pausas, no compasso de nossos corações. E este escritor conseguiu este ritmo. Não se assustem quando perceberem que conhecem Gabriel de outros tempos... são as lembranças da infância de outrora.
Falar que não estou triste seria um engano, até porque, pelo que li, ele deixou uma obra inacabada (o que deve ser horrível para quem é escritor profissional!), mas fico imensamente feliz por ele não ter desistido de escrever, mesmo diante de anos, muitos anos sem reconhecimento. Eu e outros leitores somos gratos e desejamos muita paz ao seu espírito.

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